quarta-feira, 10 de dezembro de 2008


O Clone




O Despacho assinado pelo secretário de Estado da Orientação Pedagógica, Rui Grácio, de 17 de Outubro de 1974: «Tendo sido informado de que nas Bibliotecas dos estabelecimentos de ensino existe quantidade apreciável de livros e revistas de índole fascista, determino que seja elaborada uma circular ordenando a destruição das publicações com esse carácter, depois de arquivados um exemplar, pelo menos, de cada revista e alguns livros a seleccionar, que fiquem como documento ou testemunho de um regime.»
Em 26/3/75, a directora-geral da Educação Permanente, Maria Justina Sepúlveda Fonseca, anuncia aos encarregados das bibliotecas, através da circular nº 1/75, que "é chegada a oportunidade" de se passar, "com urgência", ao "saneamento dos livros que não reúnam condições ideológicas, literárias ou técnicas para continuarem a ser dados à leitura".Nesse período eram ministros da Educação: Vitorino Magalhães Godinho e Major António Emílio da Silva.

Entre os autores a cujas obras foram queimadas em algumas escolas, cumprindo as ordens das autoridades escolares, estavam as dos historiadores António Matoso e José Hermano Saraiva (Ministro da Educação Nacional 1968-1970) que declarou ao Publico em 24/7/05: «Os professores em geral não queriam [cumprir as instruções do Ministério] e muitos guardaram os livros. Mas quem é que ousava protestar sem ser logo caluniado? Eu próprio não o fiz. Era pobre, não tinha nenhuma reforma, e concerteza que me mandavam para Caxias. Tinha amigos lá presos por menos do que isso. Até 25 de Abril de 1974 havia 88 presos em Portugal; três meses depois eram três mil.».

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