terça-feira, 24 de março de 2009




Na semana passada comprei um produto, numa loja, que custou 1,58€. Dei à balconista 2,00€ e mais 8 cêntimos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou no dinheiro e ficou a olhar para a máquina registadora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente procurava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou a contar isto?
Porque
dei conta da evolução do ensino da matemática desde 1950, que foi assim:

1.
Ensino da matemática em 1950:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100$00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100$00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda, ou seja 80$00.
Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100$00. O custo de produção desse carro de lenha é 80$00.
Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100$00. O custo de produção desse carro de lenha é 80$00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
(a) 20$00

(b) 40$00

(c) 60$00

(d) 80$00


5. Ensino de matemática em 2000:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é 80,00. O lucro é, portanto, de 20,00.
Está certo?
(a) Sim

(b) Não

6. Ensino de matemática em 2008:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é € 80,00. Qual é o lucro?
Se souber ler coloque um X na primeira opção que é a correcta (€ 20,00).
(a) €20,00

(b) €40,00

(c) €60,00

(d) €80,00

7. Ensino de matemática em 2009:
O pai do aluno chega junto do professor e diz-lhe:

- O meu filho quer passar com 20 valores, caso contrário FF *

quinta-feira, 12 de março de 2009


PUBLICO.PT

Contra a escola-armazém

Daniel Sampaio

M erece toda a atenção a proposta de escola a tempo inteiro (das 7h30 às 19h30?), formulada pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). Percebe-se o ponto de vista dos proponentes: como ambos os progenitores trabalham o dia inteiro, será melhor deixar as crianças na escola do que sozinhas em casa ou sem controlo na rua, porque a escola ainda é um território com relativa segurança. Compreende-se também a dificuldade de muitos pais em assegurarem um transporte dos filhos a horas convenientes, sobretudo nas zonas urbanas: com o trânsito caótico e o patrão a pressionar para que não saiam cedo, será melhor trabalhar um pouco mais e ir buscar os filhos mais tarde.
Ao contrário do que parecia em declarações minhas mal transcritas no PÚBLICO de 7 de Fevereiro, eu não creio à partida que será muito mau para os alunos ficar tanto tempo na escola. Quando citei o filme Paranoid Park, de Gus von Sant, pretendia apenas chamar a atenção para tantas crianças que, na escola e em casa, não conseguem consolidar laços afectivos profundos com adultos, por falta de disponibilidade destes. É que não consigo conceber um desenvolvimento da personalidade sem um conjunto de identificações com figuras de referência, nos diversos territórios onde os mais novos se movem.
O meu argumento é outro: não estaremos a remediar à pressa um mal-estar civilizacional, pedindo aos professores (mais uma vez...) que substituam a família? Se os pais têm maus horários, não deveriam reivindicar melhores condições de trabalho, que passassem, por exemplo, pelo encurtamento da hora do almoço, de modo a poderem chegar mais cedo, a tempo de estar com os filhos? Não deveria ser esse um projecto de luta das associações de pais?
Importa também reflectir sobre as funções da escola. Temos na cabeça um modelo escolar muito virado para a transmissão concreta de conhecimentos, mas a escola actual é uma segunda casa e os professores, na sua grande maioria, não fazem só a instrução dos alunos, são agentes decisivos para o seu bem-estar: perante a indisponibilidade de muitos pais e face a famílias sem coesão onde não é rara a doença mental, são os promotores (tantas vezes únicos!) das regras de relacionamento interpessoal e dos valores éticos fundamentais para a sobrevivência dos mais novos. Perante o caos ou o vazio de muitas casas, os docentes, tantas vezes sem condições e submersos pela burocracia ministerial, acabam por conseguir guiar os estudantes na compreensão do mundo. A escola já não é, portanto, apenas um local onde se dá instrução, é um território crucial para a socialização e educação (no sentido amplo) dos nossos jovens. Daqui decorre que, como já se pediu muito à escola e aos professores, não se pode pedir mais: é tempo de reflectirmos sobre o que de facto lá se passa, em vez de ampliarmos as funções dos estabelecimentos de ensino, numa direcção desconhecida. Por isso entendo que a proposta de alargar o tempo passado na escola não está no caminho certo, porque arriscamos transformá-la num armazém de crianças, com os pais a pensar cada vez mais na sua vida profissional.
A nível da família, constato muitas vezes uma diminuição do prazer dos adultos no convívio com as crianças: vejo pais exaustos, desejosos de que os filhos se deitem depressa, ou pelo menos com esperança de que as diversas amas electrónicas os mantenham em sossego durante muito tempo. Também aqui se impõe uma reflexão sobre o significado actual da vida em família: para mim, ensinado pela Psicologia e Psiquiatria de que é fundamental a vinculação de uma criança a um adulto seguro e disponível, não faz sentido aceitar que esse desígnio possa alguma vez ser bem substituído por uma instituição como a escola, por melhor que ela seja. Gostaria, pois, que os pais se unissem para reivindicar mais tempo junto dos filhos depois do seu nascimento, que fizessem pressão nas autarquias para a organização de uma rede eficiente de transportes escolares, ou que sensibilizassem o mundo empresarial para horários com a necessária rentabilidade, mas mais compatíveis com a educação dos filhos e com a vida em família.
Aos professores
, depois de um ano de grande desgaste emocional, conviria que não aceitassem mais esta "proletarização" do seu desempenho: é que passar filmes para os meninos depois de tantas aulas dadas - como foi sugerido pelos autores da proposta que agora comento - não parece muito gratificante e contribuirá, mais uma vez, para a sua sobrecarga e para a desresponsabilização dos pais.

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segunda-feira, 9 de março de 2009



O Magalhanês

"O dever de um governo é proporcionar uma boa educação. Foi por isso que avançámos com este projecto"

Sócrates

"Contar-los"
"Caêm"
"acabas-te"
"básicamente"
"fês"
"saír"
"gravar-lo"
"continuar-lo"


"Estes erros são o espelho da desorganização e negligência de um órgão com grandes responsabilidades na educação dos jovens"

Sociedade de Língua Portuguesa